Fonte: Cláudia, por Paola Carvalho, com oferecimento de BTG Pactual
Foto: Luiza Paternez/CLAUDIA
Mudanças climáticas, sexismo, racismo. Blockchain, criptomoedas, NFTs. Falar sobre finanças pessoais, hoje, vai muito além do controle do orçamento, da busca por independência financeira e da análise de investimentos para maximizar ganhos. Estamos vivendo uma transição de eras, da industrial para a digital, e muitas pautas que definem a nossa estratégia de vida estão em jogo.
Há pessoas que operam na tradicional lógica estudo-trabalho-posses-família-aposentadoria (e está tudo bem!). Por outro lado, tem pessoas que abriram mão dessa linearidade e já até criaram no metaverso o seu avatar sem idade, sem gênero, entre outras caixinhas. Há ainda aqueles que deixaram os seus empregos em promissoras corporações para uma imersão minimalista.
Como diferentes perfis coexistem, o autoconhecimento também tornou-se uma importante ferramenta para se decidir o que fazer com o dinheiro. Ou, diante da atual complexidade político-econômica brasileira, dar conta de pagar os boletos e tentar de alguma forma planejar o futuro.
Ao final de fevereiro de 2022, último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha saldo de 41,2 milhões de empregos com carteira assinada. Levando em consideração que a população é de 216 milhões de brasileiros, menos de 20% trabalhavam em regime CLT.
Interessante observar outro cenário: no estudo “Grande renúncia – A onda demissionária resignada no Brasil”, da consultoria organizacional Blue Management Institute (BMI), realizado com 48 líderes de recursos humanos de grandes empresas, 52% disseram que há um movimento crescente de saída de funcionários mais qualificados em busca de outros modelos de trabalho ou de realização.
Tendo uma visão mais sistêmica, está posto o desafio: uma coluna sobre finanças para os novos tempos, em uma revista que se reinventa, assim como todas nós. A diversidade de perfis, do conservador ao arrojado, exige diversidade de perspectivas. Portanto, a intenção aqui é trazer para a conversa insights que sejam um ponto de partida para reflexões pessoais mais profundas e decisões autônomas.
Se você já investe, arrisco dizer que já participou de algum quiz para descobrir o seu perfil de investidor antes de tomar decisões sobre em quais produtos investir. Aliás, o questionário é uma norma obrigatória da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), prevista pela instrução 539 de 2013 e que entrou em vigor em julho de 2015.
Ouso afirmar que as respostas foram ligeiras para um resultado imediato e que plantaram, entretanto, alguma ou muitas sementinhas de dúvidas na cabeça: “sou tolerante ao risco?”, “reajo bem à volatilidade?”, “como eu lido com perdas?”, “como será a minha aposentadoria?”.
É aí que entram as vozes do terapeuta, a construção de novos valores para a vida, a descoberta de outros mundos possíveis, o acesso digital e simplificado a diferentes produtos (e o excesso de informações sobre cada um deles), os medos e também os sonhos. Uma certeza é que, com autoconhecimento, as suas decisões financeiras serão mais inteligentes na hora de gastar ou de investir os seus recursos.
A vida tem altos e baixos, pode ser que você esteja em uma época propícia para assumir riscos ou com a necessidade de estudar mais para ir além do que já sabe. Por isso, acredito que, ao longo do tempo, pode haver um revezamento entre o seu perfil de investimento – não se prenda ao seu primeiro “teste”. E também não deixe essa reflexão se perder na mente: tente fazer um plano de ação, partindo do zero ou revisitando o que já fez até então.
Até porque as contas parceladas de início de ano estão sendo quitadas, parte da planilha do orçamento foi preenchida, deu para sentir esse primeiro quadrimestre de 2022 e se sentir. Um bom alvo pode ser dezembro deste ano. Como você quer estar no fechamento desse ciclo? O que é preciso para chegar lá? Vamos juntas nesse caminho, assunto não vai faltar.
Alguém que teve um negócio e quebrou; teve outro e prosperou; se demitiu do mercado corporativo e voltou. E, de novo, mais ainda do que isso, é uma mãe atípica, sozinha, que tenta manter uma carteira de investimento que vai de poupança às criptomoedas. Não, não é herdeira e tem medo de shitcoins, entre tantos outros.
Segurança financeira ou aumento do patrimônio. Se esses são um dos objetivos, sempre reflita se você é (ou está):
1. Iniciante, em busca de aprendizados
2. Tradicional, tem foco e segurança
3. Antenado, sempre atrás de novidades
4. Entende muito e já assume riscos.
*Eu sou Paola Carvalho, jornalista que cobre economia desde 2004, especializada em consultoria de investimentos financeiros e vencedora de prêmios de jornalismo por instituições do mercado financeiro. Mais do que isso, que enquanto criança preferia brincar de banco em vez de Barbie, que fez um plano de previdência privada aos 18 anos e pagou o casamento com rendimentos de suas ações na bolsa de valores.