Ainda em fase final de contabilização, o processo de migrações de servidores do Regime Próprio para a Previdência Complementar deve gerar a adesão de cerca de 3 mil novos participantes à Funpresp-Jud. Atualmente com 11 mil participantes, a entidade chegará próximo da marca de 14 mil e, com isso, atingirá seu ponto de equilíbrio – em que os custos administrativos passam a ser bancados com as taxas de carregamento dos planos. Em entrevista exclusiva ao Acontece, o Diretor Presidente Amarildo Vieira de Oliveira fala sobre os desafios para a Funpresp-Jud no novo mandato da diretoria que começou no final de julho e vai até 2021. O dirigente havia assumido a presidência da entidade em fevereiro deste ano, em substituição a Elaine de Oliveira Castro, que se aposentou. Após passar por processo de seleção realizado no mês de junho, Amarildo Vieira foi escolhido para continuar no cargo junto a outros três diretores (veja aqui). Na entrevista, o Diretor Presidente comenta o período de formação e consolidação nos primeiros cinco anos de funcionamento da entidade e as perspectivas para os próximos anos. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:
Aniversário de 5 anos
Completaremos 5 anos de existência no próximo mês de outubro. A legislação foi aprovada em 2012, mas o efetivo funcionamento começou em outubro de 2013. É uma alegria chegar ao estágio atual da entidade. Vemos que foi uma decisão acertada termos criado uma entidade própria para servidores do Poder Judiciário. Na época era uma aposta ousada e agora estamos já próximos de alcançar o ponto de equilíbrio.
Processo seletivo
Temos adotado um modelo robusto de governança da entidade, com a realização de processo seletivo e concursos para a contratação de dirigentes e profissionais. Temos a representação dos patrocinadores nos conselhos deliberativo e fiscal, que são muito atuantes. Os diretores são contratados mediante processo seletivo aberto inclusive para profissionais de mercado. Por exemplo, o novo Diretor de Administração [Marco Antônio Garcia] veio do mercado, com experiência na BB Previdência, na Viva e outras fundações.
Ponto de equilíbrio
Ainda temos um quadro pequeno, formado atualmente por 20 funcionários e 4 diretores. Ao alcançarmos o ponto de equilíbrio, pretendemos ampliar esse quadro. Não pudemos ampliar antes porque ainda não tínhamos alcançado o equilíbrio, pois gastávamos mais que o arrecadado. Agora deveremos alcançar esse ponto com as recentes migrações.
Cerca de 3 mil migrações
Já temos cerca de 1500 migrações confirmadas. E temos a estimativa de receber a confirmação de outras 1400 fichas, atingindo um número total de migrações perto de 3 mil. Com isso, vamos superar os 13 mil e chegar próximo aos 14 mil participantes. Com esse número, vamos entrar no grupo das 30 maiores entidades fechadas em termos de participantes ativos. Com a aprovação da PEC dos gastos públicos, a nomeação de novos servidores está represada, por isso, não há perspectiva de aumento do número de novos servidores. Mesmo assim, vamos trabalhar para ampliar as adesões dos servidores que não aderiram até 2015, quando não existia ainda a adesão automática. Além disso, temos a possibilidade de ampliar o número de participantes vinculados. Com tudo isso, a previsão de chegar ao patrimônio de R$ 1 bilhão, que estava previsto para 2021, será atingido antes.
Entidades Sistemicamente Importantes (ESIs)
Gostaria de destacar a importância do trabalho da Abrapp na mediação do diálogo entre as 17 ESIs e a Previc e demais órgãos reguladores. Temos a preocupação que todo o sistema possa crescer e que a atividade de fiscalização não prejudique o fomento. A Abrapp tem atuado com forte legitimidade para reforçar esse diálogo. Por outro lado, vemos que é importante o controle e a fiscalização sobre as entidades e acredito que podemos utilizar isso de maneira positiva, para transmitir maior segurança aos nossos participantes.
Autorregulação
A Autorregulação é um esforço coletivo coordenado pelo sistema Abrapp, Sindapp e ICSS para o aperfeiçoamento da governança, para manter um nível adequado de gestão. É um projeto que mostra que não somos competidores, que há uma irmandade entre as entidades.
Resolução CMN 4.661
As novas regras de investimentos chegam em um momento mais desafiador do mercado, com um nível das taxas de juros mais baixo. A nova Resolução reforça a gestão de risco e os controles internos, neste momento em que deveremos assumir maior exposição ao risco. Por isso, chega em um momento adequado no sentido de induzir a uma gestão mais robusta dos recursos. É um avanço na governança dos investimentos do sistema.
Diversificação de gestores
Deveremos incorporar mudanças na política de investimentos de 2019. Até o momento temos adotado um perfil de risco bastante conservador, concentrado em gestores de instituições públicas, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Mas já vamos preparar a licitação para selecionar novos gestores, inclusive de instituições privadas, para o próximo ano. Vamos trabalhar com quatro ou cinco gestores, e nenhum deles poderá ultrapassar os 20% da nossa carteira total.
Fonte: Acontece de 07/08.