Parece simples entender que os investimentos de um plano de previdência complementar são de médio a longo prazo e que, por isso, a forma de investir não é a mesma dos produtos de curto prazo e nem de pessoa física. Porém, na prática, sabemos que isso não é tão simples. Fundos de pensão, como a Funpresp-Jud, são regulados e podem investir apenas em alguns segmentos. E ainda assim, com diversos limites, que em alguns casos são muito mais rigorosos do que aqueles direcionados a pessoas físicas ou a outros tipos de investidores e veículos de investimento.
Essas são apenas algumas diferenças iniciais, mas existem muitas outras. Entender como funciona o seu investimento é muito importante para acompanhar o crescimento do seu patrimônio e fazer projetos para o futuro. Por isso, selecionamos algumas dúvidas mais recorrentes que recebemos em nossos canais de Relacionamento para explicar. Confira!
Em quais segmentos a Funpresp-Jud pode investir?
De acordo com a Resolução CMN 4.994/2022:
- Renda Fixa
- Títulos públicos federais: até 100% dos recursos de cada plano;
- Títulos privados: de 20% a 80% dos recursos de cada plano, a depender do emissor, características, etc;
- Renda Variável
- Ações e assemelhados negociadas no segmento especial de bolsa de valores: até 70% dos recursos de cada plano;
- Ações e assemelhados negociadas em bolsa de valores que não pertençam ao segmento especial: até 50% dos recursos de cada plano;
- BDR Nível II e III, BDR de ETF e ETF Exterior negociado em bolsa de valores no Brasil: até 10% dos recursos de cada plano;
- Ouro negociado em bolsa de mercadorias e de futuros: até 3% dos recursos de cada plano;
- Estruturado
- Regra geral: até 20% dos recursos de cada plano;
- FIP, FIM, FICFIM e FI Ações Mercado de Acesso: até 15% dos recursos de cada plano;
- COE: até 10% dos recursos de cada plano;
- Exterior
- FI e FICFI Renda Fixa Dívida Externa, FI Investimentos no Exterior, BDR Ações Nível I, ativos no exterior pertencentes a FI constituído no Brasil: até 10% dos recursos de cada plano;
- Imobiliário
- FII, FICFII, CRI, CCI: até 20% dos recursos de cada plano;
- Operações com Participantes
- Empréstimos pessoais e financiamentos imobiliários concedidos aos participantes e assistidos: até 15% dos recursos de cada plano;
Há ainda, de acordo com a Resolução CMN 4.994/2022, limites específicos de alocação e concentração por emissor, que restringem ainda mais os percentuais citados para os segmentos acima.
Por que a Fundação não investe no Tesouro Direto?
Porque o Tesouro Direto é um programa exclusivo para pessoas físicas, ou seja, não é possível que a Fundação adquira títulos públicos federais por meio dele.
Inclusive, há títulos públicos que somente podem ser adquiridos pelo Programa, como Tesouro Renda+, Tesouro Educa+ e Tesouro IPCA (sem juros semestrais). Esses ativos não podem ser adquiridos por pessoas jurídicas.
Por outro lado, os demais títulos constantes do Tesouro Direto podem ser adquiridos pela Fundação em outros ambientes de negociação, sendo eles mercado primário (leilões do Tesouro Nacional) e mercado secundário.
Por que o CDI não é o indicador utilizado para os investimentos da Funpresp-Jud?
Para investimentos de médio e longo prazo, como um plano de previdência complementar, é recomendável que a meta de rentabilidade (benchmark) apresente um componente que mantenha o poder real de compra contra a inflação, acrescido de uma taxa de juros, nesse caso chamada de taxa real de juros, por estar associada a um índice de inflação. Por isso, o CDI, que é um indicador de rentabilidade de curtíssimo prazo, não é indicado nem como meta de rentabilidade, nem como parâmetro mais adequado para comparação de resultados. Atualmente, o benchmark da Funpresp-Jud é IPCA + 4,25% ao ano.
Por que os resultados da Fundação nem sempre batem o CDI?
O CDI não é o indicador de rentabilidade mais indicado para mensurar a rentabilidade de planos de previdência, pois é um indicador de curtíssimo prazo. Em investimentos de médio e longo prazo, como num plano de previdência complementar, as metas podem não ser atingidas todos os anos, por alguns motivos, inclusive porque são buscadas para um horizonte temporal maior, para a ocasião da aposentadoria, e isso é regulado. De acordo com a Resolução CMN 4.994/2022, todas as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) devem ter a sua Política de Investimentos para a gestão dos recursos num horizonte de, no mínimo, 60 meses, com revisões anuais.
Outo fator que precisa ser considerado nos resultados das EFPCs é o eventual impacto negativo da Marcação a Mercado (MTM) nos títulos de Renda Fixa, decorrente de elevações nas taxas de rendimento (juros) desses ativos e que afetam mais fortemente os títulos de médio e longo prazo. Quanto maior o prazo, maior o impacto negativo de uma elevação na taxa de rendimento do ativo.
Diferentemente de uma pessoa física, que pode efetuar a contabilização dos títulos de Renda Fixa pelo critério de Marcação pela Curva (MTC), as EFPCs com Plano CD e CV estavam proibidas de realizar o procedimento desde 2020 para títulos privados, e desde 2021 para títulos públicos, exceto em casos muito específicos. Isso mudou em dezembro de 2023, quando o Conselho Nacional de Previdência Complementar alterou a Resolução CNPC 43/2001, por meio da Resolução CNPC 61/2024.
O critério de MTM gera variações nos preços dos títulos, inclusive com perdas de rentabilidade nos momentos em que há elevação nas taxas de rendimento dos ativos, algo que ocorreu no País em 2024, assim como também já havia ocorrido em 2021. Ao final de 2024, a Fundação estava com uma Carteira de Investimentos cujos ativos de Renda Fixa apresentavam taxa de rendimento acima de IPCA + 7% ao ano, ou seja, se levados até os respectivos vencimentos, como é a intenção, irão gerar retornos substanciais nos próximos anos.
A renda fixa é fixa?
Não necessariamente. Investimentos em Renda Fixa podem apresentar rentabilidade negativa no curto prazo em termos nominais e em termos reais. Assim como ocorre com ativos de Renda Variável, investimentos no Exterior e investimentos Imobiliários, os preços dos títulos de Renda Fixa sofrem oscilações de acordo com as condições do mercado financeiro. O desempenho da Renda Fixa no curto prazo está diretamente relacionado às movimentações das taxas de juros, entendidas como taxa de rendimento dos ativos desse segmento. Em 2024, por exemplo, houve um movimento expressivo de alta nas taxas de juros para diversos vencimentos. Isso resultou na desvalorização dos preços dos títulos de Renda Fixa anteriormente adquiridos pela Fundação. Esse efeito ocorre devido à relação matemática entre taxas de juros e preços dos títulos. Quando as taxas de rendimento sobem, os preços dos títulos caem, gerando uma rentabilidade negativa temporária. Esse ajuste é decorrente da Marcação a Mercado (MTM), já explicada na resposta anterior. Se os títulos de Renda Fixa forem mantidos até o vencimento, renderão exatamente a taxa de rentabilidade contratada no momento da compra.
Aqui na Fundação, nos últimos anos, a estratégia tem sido aproveitar momentos de alta nas taxas de juros para adquirir títulos com retornos superiores ao nosso benchmark (IPCA + 4,25% ao ano). Assim, ao longo do tempo, esses investimentos contribuirão para uma rentabilidade acumulada significativa, beneficiando os participantes no horizonte de médio e longo prazo, apesar do retorno aquém do esperado no curto prazo. Saiba mais na Carta de Investimentos aos Participantes.
Qual a diferença entre o horizonte temporal de investimentos de um plano de previdência complementar e o de investimentos pessoais?
Os investimentos de um plano de previdência complementar são estruturados para um horizonte de muito longo prazo, enquanto os investimentos pessoais realizados via corretoras e bancos costumam estar mais orientados ao curto prazo. A Funpresp-Jud, por exemplo, busca garantir ganhos reais sustentáveis ao longo de décadas, enquanto muitos produtos disponíveis no mercado financeiro priorizam rentabilidades imediatas.
Qual a diferença na estrutura de alocação dos investimentos da Funpresp-Jud e os de investidores individuais?
A maior parte dos investimentos da Fundação está alocada em títulos de Renda Fixa atrelados ao IPCA (NTN-B), buscando garantir um ganho real acima da inflação para os participantes ao longo do tempo. Muitos investidores individuais, por outro lado, podem estar aplicando recursos majoritariamente em ativos pós-fixados atrelados ao CDI, que não apresentam variações negativas. No entanto, no longo prazo, tais investimentos não costumam ser a melhor alternativa para garantir crescimento real do patrimônio no médio e longo prazo, comparativamente a ativos indexados à inflação.
A Funpresp-Jud faz gestão ativa do portfólio?
Sim, sempre considerando as mudanças no cenário econômico. Isso significa que a Fundação não segue rigidamente um plano fixo de alocações e ajusta as suas estratégias conforme for necessário para maximizar os retornos e minimizar riscos. Um exemplo disso ocorreu em 2024, quando, apesar da expectativa inicial de que a diversificação da carteira de investimentos aumentaria, a melhor decisão para os participantes foi manter uma alocação majoritária em ativos de Renda Fixa de curto e médio prazo, até 5 anos, para garantir uma maior previsibilidade e capturar taxas de rendimento elevadas sem aumentar o risco desnecessariamente, além da redução parcial de posições de Renda Variável e no segmento Imobiliário.
Por que os investimentos da Fundação são separados em Plano de Benefícios, Reservas e Fundo de Benefícios Extraordinários (FCBE)?
Na Funpresp-Jud, os recursos que compõem o Plano de Benefícios são distribuídos entre Reservas e FCBE. Eles são controlados de forma independente, havendo completa segregação dos recursos de cada parte e acompanhamento dos desempenhos isolados. Dessa forma, o resultado do PB reflete a consolidação dos resultados das Reservas e do FCBE. A rentabilidade das Reservas é aquela que efetivamente impacta o saldo de conta dos participantes da Fundação, enquanto o FCBE é o fundo coletivo constituído para cobrir os benefícios de risco para os eventos de morte, incapacidade permanente e de sobrevida, além de suportar as diferenças entre os tempos de aposentadoria antecipada.
Como faço para saber as estratégias utilizadas pela Fundação para investir a cada mês? E para saber detalhes sobre carteira própria, carteira administrada e fundos de investimento contratados? Basta consultar no site da Fundação, no menu Investimentos, os Relatórios mensais e o Painel de Investimentos, esse último com dados resumidos e apresentados de forma gráfica.