Fonte: G1
Foto: G1/ Wikipedia
Nos últimos 50 anos, Alan Patricof tornou-se uma lenda entre os investidores. São cinco décadas de sucesso no turbulento segmento do capital de risco, uma modalidade de investimento focado em empresas com alto potencial de crescimento, mas que estão começando e ainda têm baixo faturamento. Cerca de 500 companhias tiveram seu apoio antes de terem se transformado em gigantes, como Apple, New York Magazine, Sunglass Hut, Axios – e a lista segue, quilométrica. Aos 87 anos, acabou de lançar o livro “No red lights”, no qual faz um balanço desse meio século do empreendedorismo. Engana-se quem pensa que a obra representa o encerramento de sua carreira, como deixou claro ao participar de uma conferência on-line, no dia 20 de abril, sobre marcas, inovação e tecnologia, organizada pela Universidade de Columbia.
Patricof foi o ponto alto do painel sobre longevidade, enfatizando que esta é uma área cuja expansão está apenas começando: “assistimos a um avanço admirável na ciência e o panorama é excitante para os investimentos. Há dezenas de empresas dedicadas ao monitoramento remoto de pacientes e haverá um boom de adaptações nas moradias para que as pessoas possam envelhecer em casa”, afirmou, dando, como exemplo, os banheiros inteligentes equipados com sensores capazes de analisar urina e fezes em tempo real. Também alfinetou a indústria da beleza que, na sua opinião, terá que se reconciliar com o público maduro: “seus produtos e todo o marketing eram voltados para mostrar o envelhecimento como algo a ser combatido, em vez de comemorar a vitória que é viver”. Aos 87 anos, estima que terá mais 27 pela frente – “muitos serviços e invenções vão me ajudar a chegar lá”, diz – e, pelo visto, está no caminho certo. Continua fazendo caminhadas, pedalando e prepara-se para correr a maratona de Nova York, em novembro.
Continuar vivendo em casa até o fim da existência é não somente um desejo da maioria das pessoas, mas igualmente um mercado em expansão, de acordo com os demais participantes do evento. Nirav Shah, professor da Universidade de Stanford e especialista em medicina digital, apontou o problema crônico de falta de mão de obra no setor de cuidados. “A saída é pagar esses cuidadores familiares, que hoje não são remunerados, para viabilizar que os idosos possam permanecer em casa. Nos Estados Unidos, estamos atrás de outros países desenvolvidos. No Japão, há um investimento significativo para utilizar robôs para suprir essa mão de obra”. Sobre o bônus da longevidade, foi crítico: “um terço dos norte-americanos tem curso superior, esse bônus da longevidade não chegou para dois terços da população, mas o acesso digital à saúde já é um primeiro passo”.
A socióloga Ilana Horwitz, que faz pós-doutorado no Centro de Longevidade de Stanford, frisou que os mais velhos não são um fardo, e sim um patrimônio: “conforme se envelhece, torna-se mais fácil aprender novas habilidades, graças ao repertório que temos”. Um ótimo exemplo foi a participação de Donald (Don) Sexton, professor emérito de Columbia aposentado depois de 50 anos de magistério. Embora não fizesse parte do painel, sua entrada no chat foi um fecho de ouro: “não tenho tempo de fazer tudo o que eu quero. Aos 79 anos, estou começando uma nova carreira, de stand-up. A velhice pode ser ótima”.