Fonte: Contábeis, por Suyen Andreatta
Foto: Contábeis/ Pixabay
Muitos nem pensam ou sequer querem imaginar que o momento da aposentadoria chegará e deixam para “pensar nisso mais tarde”, ou ainda delegar isso para a aposentadoria pública mandatória – que considero uma atitude altamente perigosa.
Falar sobre aposentadoria incomoda numa sociedade que tem medo de ficar velha, tem medo do que virá pela frente.
Jovens entram no mercado de trabalho sem pensar em como pretendem conduzir seu tempo de labor, de trabalho dedicado e menos ainda analisam como vão se estruturar financeiramente na velhice. “Ainda é cedo”, dizem eles e seus pais, bem como o mercado. Por que isso?
O mito da juventude eterna segue arraigado e a imagem do momento de parada, de conclusão de uma jornada na qual está sendo construído o alicerce para uma longevidade saudável, um tempo de senescência (que é o envelhecimento natural, sem doenças) é deixado de lado.
O planejamento de vida, planejamento sucessório para familiares precisa ser pensado no mínimo todos os anos mesmo sabendo que sim, as coisas mudam, há uma incerteza na natureza humana que pode ser minimizada quando conseguimos antecipadamente prever riscos.
Para começar a cuidar da aposentadoria – que não precisa ser um tempo de “fazer nada” mas sim de fazer muito sem a expectativa de construção financeira ou da troca do tempo por dinheiro para sobrevivência – cada um deve parar um pouco e pensar no longo prazo: o que quero realizar? Quero viajar? Quero uma estabilidade familiar tendo fontes de renda passiva? Quero aproveitar para estudar o que não pude ou tive tempo durante a trajetória profissional? Quero ser missionário/a no que acredito e dedicar a vida a uma causa? Todas estas questões devem ser trazidas à lua do pensamento para traçar uma estratégia.
Quando não há essa etapa de análise, torna-se mais comum a delegação da aposentadoria ao sistema automático público que, convenhamos, tem muitas chances de não garantir o recurso financeiro, pois cada vez mais gente opta por não contribuir com a previdência pública – e quando chegar a vez, surpresa! Não há dinheiro suficiente para todos.
O segundo passo é calcular quanto isso irá custar lá na frente. Digo que este cálculo precisa ter margens de segurança porque, num exemplo simples, o que hoje compramos para o conforto de uma casa em 2022 é bem diferente do que foi o conforto de uma casa em 1972.
É só pensar que na época as casas não tinham micro-ondas, lavadoras de última geração, ar-condicionado, wi-fi, celulares e streaming de filmes. O máximo do conforto era uma televisão colorida.
Os custos sempre aumentam com as gerações e isso precisa ser considerado no plano de aposentadoria mesmo que sua renda atual seja garantida porque sua categoria profissional ou adesão ao serviço público representam receber o mesmo valor da ativa para os aposentados.
O terceiro passo é a construção de uma estrutura financeira robusta. Sim, essa parte costuma ser a mais complexa, porém seu início é o ponto mais delicado: fazer renda extra agora para construir fontes de renda futura. Se ainda não dispõe de colchão de segurança financeiro para garantir ao menos seis meses sem trabalhar, comece aqui.
A seguir, faça do hábito de poupar e investir algo automático mensal para que essas fontes cresçam e garantam uma rentabilidade capaz de prover com dignidade sua vida na aposentadoria – sim amigo, essa parte dá trabalho e como aqui é a real para viver melhor, vamos arregaçar as mangas para trabalhar com inteligência e fazer mais dinheiro.
A partir do crescimento de sua reserva financeira com vistas a realizar sonhos E incluir a aposentadoria, vem o tema sucessão. Pode ser que hoje você não tenha ainda uma família ou filhos, mas poderá ter seus pais e antepassados que podem precisar de você.
O tema sucessão é bem extenso mas em linhas gerais, num gerenciamento de riscos, temos as estratégias de sucessão patrimonial, seguridade dos dependentes de modo que a burocracia seja menor em face do momento quando não estiver mais aqui (que ainda costuma acontecer com todas as pessoas).
A aposentadoria, quando programada e estruturada materialmente, pode e deve ser um tempo não de ociosidade sem propósito, mas o momento de realizar legados, atuar com a sensação de dever cumprido ou ainda de fazer sonhos tornarem-se realidade até mesmo estudando para uma carreira nova – há muitos idosos voltando às universidades para se realizarem numa profissão e atuarem nela.
Há quem queira viajar, conhecer culturas e se enriquecer como pessoa conhecendo a imensidão de possibilidades que o mundo oferece.
Para que essa etapa seja gloriosa e feliz, hoje, agora, é o momento de perguntar: como vai a sua aposentadoria?