Fonte: Estado de Minas
Foto: Estado de Minas/ Pexels
A velhice, infelizmente, é frequentemente associada a doenças e perdas físicas e mentais. Porém, à medida que a expectativa de vida aumenta, a população tem percebido que não adianta muito lutar contra, mas que precisa se preparar para uma terceira idade mais plena e satisfatória.
É nessa fase que boa parte das pessoas pode desfrutar de uma série de aspectos positivos que enriquecem suas experiências, tais como o acúmulo de conhecimento, mais assertividade nas escolhas, autoconfiança, ganho de tempo livre para fazer atividades que tragam prazer, para aprender coisas novas, novas companhias, comportamentos mais positivos, resiliência, autocuidado e novos propósitos.
É o caso de Cida Antão, que em janeiro deste ano completou 70 anos. Ela, que sempre gostou de aberturas e fechamentos de décadas, conta que, aos 45 anos, foi diagnosticada como hipertensa e que, o esforço físico e a resiliência foram imprescindíveis nesse período. “Posso afirmar que hoje estou saudável, apesar de ter que conviver com uma hipertensão controlada com dose mínima de medicação. Considero a vida como sendo uma maravilhosa dádiva e o envelhecer uma fase da existência que todas as pessoas, mulheres e homens deveriam lutar para chegar e sem medo de alcançar.”
Além das caminhadas (trekking) aos 40 anos, as mudanças do corpo nos anos “50 mais” exigiram que ela iniciasse atividades de musculação. “Decidi também nadar e aprendi a modalidade aos 54 anos. Longa fase do desfrutar das braçadas na piscina. Era nessa hora da natação, três vezes na semana, que minha mente sonhava e eu me alegrava com a vida. Muitos planos foram feitos ali.”
As viagens em lugares e países sonhados desde a juventude passaram a acontecer no final de 2019. Devido a seu trabalho e sua disciplina com a organização financeira, ela conseguiu construir um pequeno patrimônio que, atualmente, dá a ela o conforto necessário para viver o presente e se resguardar para os desafios e imprevistos das situações do futuro, que já chegou. “Além de trabalhar, estudar e cuidar das rotinas, pude fazer as viagens com que sonhei durante muitos anos. Essas aventuras foram interrompidas com a pandemia. Passados os impactos iniciais, mesmo no isolamento social pude buscar formas de manter o corpo e a mente saudáveis. Fiz “Pilates online”, caminhadas dentro de casa e a musculação, que mantiveram meu corpo, de certa forma, estável. Ao mesmo tempo, pude planejar, mais uma vez, uma mudança de rota. Descobri que não queria passar os últimos anos da minha existência sem o contato diário com a natureza.”
Foi assim que Cida, ao vender um sítio, que nos últimos anos foi se tornando um fardo para administrar, conseguiu adquirir um imóvel distante das regiões Leste/Sul de BH.
“De um apartamento espaçoso e difícil para uma senhora de 70 anos cuidar, esbocei num pedaço de papel como seria a “casinha” que queria viver. Contratei o trabalho de um arquiteto, que transformou meu esboço num projeto e sonho em realização. Com isso, há um ano e quatro meses, vivo afastada da turbulência de um bairro central, mesmo vivendo em BH, num bairro onde estou cercada da natureza e dos pássaros.”
Ela, que atende como psicóloga, desde a pandemia decidiu experimentar o trabalho de atendimentos on-line. Aos 68 anos, fez mais um curso, também on-line, com um psicanalista de renome do Rio de Janeiro que, na mesma faixa etária de Cida, estava construindo junto com os inscritos no canal, uma nova metodologia para abordagem de pacientes em análise, sem o uso do tradicional “divã”. “Dessa forma e lidando com os ajustes e vivências do dia a dia, interrupções de tratamento dos que não se adaptaram aos atendimentos não presenciais, e acolhimento de alguns novos casos, continuo exercendo meu trabalho.”