Fonte: Space Money, por Ricardo Hiraki Maila, sócio-fundador, CEO e CFO da Plano Consultoria
Foto: Space Money
Quando pensamos no destino na nossa sociedade, observamos que existirão diversos desafios a serem superados.
Crescemos ouvindo sobre os prováveis problemas climáticos pelo efeito do aquecimento global, a água como um provável recurso de disputas internacionais, a produção de alimentos para uma população mundial cada vez maior, a geração de energia sustentável e até o que parecia improvável, mas agora já virando história, uma pandemia.
No entanto, já notaram que outro enorme desafio que teremos que superar é termos recursos financeiros para custear uma aposentadoria de pessoas que vivem cada vez mais? Ou ainda que vivemos em um sistema de aposentadoria por boa parte do mundo e, inclusive no Brasil, no qual as gerações mais novas custeiam os aposentados, mas que a base da pirâmide tem mudado a proporção?
Menos pessoas nascem e a expectativa de vida tem aumentado. No Brasil, temos um agravante ainda maior: estamos nos tornando um país de alta expectativa de vida e na economia não estamos evoluindo para um país mais rico.
Para financiar uma aposentadoria, existem basicamente três possibilidades: a Previdência Social do Governo Federal, fundos de pensão através das empresas que trabalhamos e a produção de patrimônio pessoal.
A Previdência Social já representa mais de 30% dos custos do orçamento do Governo Federal. Por isso, essa pauta se tornou tão importante dentro da política econômica do Brasil e também de muitos outros países. Já é certo que esse formato é insustentável e, por isso, o futuro dele é que tenha cada vez mais alterações em suas regras.
Os fundos de pensão dentro de empresas ou grupos de profissões tem se tornado cada vez mais raros. Estudos recentes mostram que houve uma redução de quase 50% na oferta desse benefício; especialmente impulsionado pela flexibilização das leis trabalhistas, sistemas de terceirização e avanço de tecnologias.
Desse modo, a terceira via se torna a mais importante e desafiadora para nós. Significa que precisaremos fazer por nós mesmos a geração de patrimônio privado que irá nos custear na velhice. Mas então, qual o tamanho dessa ‘bucha’? Para a geração que está trabalhando hoje será enorme. Significa que precisaremos deixar de consumir parte hoje, para salvar e investir, e assim, talvez ter o suficiente para o futuro e isso definitivamente não é nada simples.
Temos uma enorme dificuldade de gerar conexão com “nós” do futuro e assim vemos pouca importância em realizar sacrifícios hoje. Isso afeta nossa disciplina e foco. Essa falta de empatia por nós mesmos velhos quebra o motivo.
A desigualdade social e a não evolução da economia têm gerado orçamentos familiares cada vez mais restritos, o que tem dificultado a possibilidade de termos espaços de reserva de recursos. Afinal, se a situação aperta, nos resta pagar o presente para nos mantermos.
E a falta de educação financeira e a inércia de aceitarmos conviver com dívidas e consumos de coisas que não são importantes produzem perdas que dificultam ainda mais produzir a geração de salvas pessoais.
A ideia neste artigo não é criar ansiedade e pessimismo sobre o futuro, mas sim chamar atenção e trazer a responsabilidade para hoje. Não teremos opção de terceirizar ao Governo Federal ou às empresas o nosso conforto uma vez velhos. Precisaremos aprender a fazer nós mesmos esse caminho.