Fonte: CityWire Brasil, por Luís Ricardo Martins
Foto: CityWire Brasil
Uma verdade que vem sendo constatada ao longo das últimas décadas ganhou ainda mais força desde 2020: a Previdência Complementar Fechada tem enorme capacidade de se adaptar aos períodos de recessão econômica e a outras crises que o setor enfrentou nos seus 44 anos de existência.
Embora no ano passado a recuperação econômica tenha ocorrido com uma intensidade menor do que a desejada, o terceiro trimestre, encerrado em setembro (últimos dados oficiais do segmento), registrou um acúmulo total de R$ 781 bilhões de reserva matemática de benefícios concedidos pelos fundos de previdência. Ao longo do período, o total de benefícios futuros não programados foi de R$ 80 bilhões, crescimento de 16% em comparação aos R$ 69 bilhões somados no início da pandemia.
Para muitos, o aumento da demanda de pagamentos de benefícios para eventos inesperados como invalidez e morte é um cenário que pode ser considerado pessimista, no entanto, sob o aspecto da gestão dos recursos é uma boa notícia. É dever da entidade de previdência prover a complementação da aposentadoria (benefício programado) e também, assegurar os benefícios não programados aos seus participantes.
Diria que esse cenário só reforça a resiliência da previdência complementar fechada e a sua capacidade de fazer os pagamentos aos participantes, mesmo diante de uma crise sanitária e humanitária como a da Covid-19.
Adicionalmente é preciso reconhecer também os efeitos das políticas de investimentos adotadas pelas entidades de previdência complementar que refletiram no equilíbrio das suas carteiras, buscando melhores resultados.
Em outras palavras, mesmo em um ano difícil e de variações no mercado, a liquidez dos investimentos superou as surpresas nada agradáveis trazidas pela pandemia e as entidades não precisaram se preocupar em vender seus ativos.
Infelizmente ainda não podemos dizer que visualizamos a crise pelo retrovisor, pois tudo indica que 2022 será um ano de desempenho moderado, ainda em consequência da volatidade do mercado em 2021, a inflação que segue colada no teto da meta e, também, por ser um ano de disputa eleitoral, o que sempre gera incertezas ao mercado.
Em um cenário como esse, vale reforçar que no nosso sistema é fundamental sempre ver o filme e não a foto, ou seja, que é preciso olhar sempre o futuro.
A experiência nos mostra que a conjuntura sempre acabar por devolver aquilo que tenha retirado.
A realidade deixa clara essa verdade: nesses 44 anos de existência a previdência complementar fechada se mostra cada vez mais capacitada para superar crises, saindo fortalecida e experiente de cada uma delas.
Luis Ricardo Martins é diretor-presidente da Abrapp – Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar